Tempo que se foi... E não se esquece mais.

domingo, 21 de março de 2010

Eu tenho passado por momentos extremamente difícieis na minha vida. Nos últimos anos, por exemplo, foram afastados de mim meus únicos avós: por consideração e por sangue mesmo. Tudo bem, eu sei que sou apegada a qualquer velhinho, mas eles eram mais especiais pra mim do que qualquer coisa... Principalmente a minha querida avó Jacira.

Mas vamos do começo. Assim, eu nunca tive exatamente avós. Como? Erm, quando eu nasci minha avó paterna e meu avô materno já eram falecidos. Minha avó materna se casou um pouco depois que eu nasci e desenvolveu Mal de Alzheimer, e meu avô paterno teve derrame e já quando eu era muito pequena não podia me dar muita atenção. Resultado: uma criança (e adulta) carente de avós. A única fase que pude aproveitar foi a da vó Jacira sã e consciente, que foi mais ou menos até 1996. Fugia pra casa dela pra comer macarrão, essas coisas. O marido dela, ao qual eu também chamo de avô, me dava muita coisa. Então essa época foi realmente boa para mim. Foi.

De 1997 para cá minha vó foi definhando. Não queria sair da casa antiga dela, mas meus primos eram muito idiotas - pra não dizer pior - com o marido dela. Motivo? Ele era negro. É, só por isso. Ainda hoje não sei como eu sou parente de gente tão preconceituosa. Mas vai, né, ele acabou a abandonando sozinha e ela entrou num buraco sem fim... Veio aqui para casa, acabou na cama, e a cada ano foi perdendo mais os sentidos e a coordenação motora para fazer as coisas. Era quase como se a gente vivesse por ela.

Tudo bem, pra mim ela nunca foi doente, na verdade. Se você fosse uma criança de dez anos e visse uma pessoa ir ficando doente gradativamente ao longo dos anos, você estranharia? Eu nunca estranhei. Pra mim ela era só minha vó que tinha um problema, e queria ajudar. E não via gravidade no assunto, mesmo que ela tivesse que ir pro hospital e tudo mais... Aliás, tocando no assunto, eu lembro do que eu falei pra minha mãe quando ela foi à UTI pela primeira vez: "eu quero a minha vó!" - só falava isso...

Enfim, aí aconteceu uma coisa bem inusitada. De uma hora pra outra minha irmã resolveu que ia casar com um amigo dela - estão casados até agora e vão continuar pra sempre, eu espero. E ele tinha que sair do apartamento porque ia vencer o contraro, mas eles precisavam encontrar um lugar pra ficar até conseguir um lugar pra ficar. Resultado: meu cunhado veio morar aqui em casa antes da hora. Mas não sozinho. Trouxe a avó dele. A vó Annita.

E foi a coisa mais engraçada que já me aconteceu. Era como se ela tivesse sempre feito parte da minha vida. Cuidei dela quando fez cirurgia, deitei no colo dela pra ver House - muitas vezes, e é por isso que eu muitas vezes não consigo me sentir bem vendo House - e ela começou a me chamar de "Minha Boneca". Em três anos eu - e toda a minha família, diga-se de passagem - nos apegamos demais a ela. E aí, chegou a hora de ela partir. Não foi nada fácil pra mim, nada mesmo - afinal, eu tinha realmente encontrado um amparo que meus outros avós infelizmente não poderiam me dar. Mas eu tive de aceitar.

E aí, em 2008, a vida me levou mais uma. Minha tia-avó, irmã da mãe do meu pai. Ela, assim como as outras irmãs, são para mim mais até do que avós... Afinal de contas, o amor que elas tem pelo meu pai é realmente de mãe. Então também foi uma prova difícil, mas eu já sabia que a morte dela - e a da vó Annita - eram apenas uma preparação para o que estava por vir, que era o mais difícil.

Em Janeiro de 2009 meu avô foi embora. Não pelos problemas que ele já tinha, mas por pneumonia. E de alguma forma eu já sabia que ele tinha que ir. Foi um choque, é lógico, porque afinal de contas na família do meu pai ninguém morria desde 1974. E aí, depois de presenciar a morte dele, eu acabei entendendo que o pior ainda estava por vir. A minha avó materna, que convivia comigo todo dia, estava pra ir embora.

E então eu passei um longo tempo pensando no assunto, mas sem realmente acreditar. Quanto mais chegava a hora, mais a coisa vinha à minha cabeça, mas mesmo assim eu relutava. E quando chegou a hora... Um dia antes, bom, eu lembro de ter até comentado com o povo que achava que já era a hora dela. E foi mesmo. Passei as últimas horas dela viva ao lado dela, sem me arrumar, sem nada. Chorei mais do que nunca na minha vida quando foram fechar o caixão. E não me arrependo.

Tem gente que diz que "foi bom ela ter morrido, descansou". Eu sei que ela sofria por estar neste estado, mas não acho que seja o caso de dizer isso. Apenas pelo que ela tava sofrendo no momento, é óbvio, porque estava insuportável... Mas eu sei que se referem à vida dela na cama durante estes 10 anos. E sinceramente não via problema naquilo, já que todo amor e carinho era dado a ela. As pessoas tinham a bela mania de me dizer que não conseguiam vê-la naquele estado, o que eu achava - e ainda acho - absurdo, já que, afinal de contas, ela não deixava de ser minha avó precisando de ajuda.

A sensação que ficou? De missão cumprida. Eu sei que tudo o que eu, meus pais e minha irmã fizemos por ela foi o suficiente e foi de coração, dentro daquilo que poderíamos fazer. E sei que ela estava feliz por ser bem tratada. Pelo menos não tenho peso de consciência nenhum por ter negado ajuda, seja para ela ou para qualquer um dos meus avós. E é por isso que eu, sempre que posso, dou um jeito de ajudar algum outro velhinho, seja na rua, nos asilos ou em qualquer lugar em que eu veja que possa tentar.

Enfim, se alguém ler isso aqui inteiro vai ser um campeão e tanto. Eu gostaria que vocês lessem mesmo, é mais um desabafo, mas é que a maioria não conhece as coisas que aconteceram comigo... E que ajudaram a construir a pessoa que eu sou.

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Is this the real life? Is this just fantasy?

terça-feira, 2 de março de 2010

Ai, minha vida anda tão cansativa...

Bom, primeiro que na semana passada eu quase não tive tempo de respirar. Fui encaminhada pra um estágio pelo CIEE, mas ERA UMA CILADA, BINO! O cara me fez ir fazer um teste, sem muitas perguntas. Não desconfiei antes, só minha mãe... Aí cheguei lá pela manhã, às 8h, e saí às 15h (veja bem, às 15h): fiquei fazendo dois sites no Dreamweaver, mas na verdade o que me pediram era basicamente uma micreiragem. Não quis dizer nada, tava só observando. Ele me disse pra voltar lá no dia seguinte para conversarmos. Ok. Voltei lá no dia seguinte e adivinha? Ele me manda sentar pra fazer mais um site, sem nem falar nada de contratar. Pois é. Pedi pra sair pra almoçar e não voltei mais. RÁ! O pior de tudo é que o escritório que seria pra se trabalhar era uma salinha com UMA MESA pra colocar todos os computadores em volta, uns 4 notebooks e um computador maior, e o apartamento onde a empresa se encontra não tinha nem campainha. Meu cunhado procurou o nome da empresa na internet e acabou encontrando que eles são muito picaretas, enrolam clientes e não pagam funcionários. Vejam bem, eu poderia ter me resolvido só procurando DIREITO no Google antes, mas não, fiquei só com o site oficial.

Bad, bad Arianne. No donut for you.

Pelo menos essa coisa toda me serviu de lição: não vou mais ficar tããão desesperada por um estágio. Vou esperar. Uma hora deve aparecer alguma coisa mais fácil, mais conhecida e mais digna... Enquanto isso, me preocupo em encontrar um tema para o pré-projeto do meu Trabalho de Conclusão de Curso (pois é, já tá na hora de fazer). E acho que investirei em mais algumas coisas pra colocar no meu portfolio (a.k.a.: pasta com meus melhores trabalhos para amostra a clientes) ;D

E ainda tem mais minha cachorra pra cuidar. Deu problema nas articulações, com 6 anos =O Agora tem de tomar remédios pro resto da vida... Mas a gente leva, né?

Outra hora volto com mais posts... Sejam eles sobre a minha vida pacata ou não. ;)

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